Jovens empresários com sede em Macau

Criada há cerca de 15 dias, a Associação de Jovens Empresários Portugal-China vai abrir uma sede no território “em finais de Outubro ou no início de Novembro”. A garantia foi dada pelo presidente, Alberto Carvalho Neto, que já reuniu apoios do Fórum Macau e do IPIM.

Pedro Galinha

A ideia surgiu há seis meses por parte de dois portugueses. Alberto Carvalho Neto, 28 anos, e Bernardo Mendia, 34, queriam aproveitar os contactos que têm em Macau, Hong Kong e no Continente para avançar com a constituição da Associação de Jovens Empresários Portugal-China. Pólo de cooperação e investimento, o projecto viu luz há cerca de 15 dias e escolheu Mirandela como sede. No entanto, vai também expandir-se até à RAEM.

“Vamos abrir um escritório em Macau para apoiar as acções bilaterais”, começou por explicar o presidente da associação, Alberto Carvalho Neto, que se reuniu ontem com a secretária-geral adjunta do Fórum Macau, Rita Santos. No encontro, o empresário português adiantou ainda que a sede deve abrir “em finais de Outubro ou no início de Novembro”.

Tanto o Fórum, através do anunciado fundo de mil milhões de dólares, como o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) apoiam a iniciativa dos dois empresários portugueses, que já angariaram 70 associados – 50 de Portugal, 15 do Continente e cinco de Macau.

“Poderíamos ter um crescimento maior em Portugal e na China se deixássemos entrar quem quisesse. Mas não. A nossa selecção filtra as pessoas dinâmicas”, justificou o presidente Alberto Carvalho Neto, que espera atingir a barreira dos 200 associados até ao final do ano.

Os principais sectores representados na associação estão ligados ao ramo alimentar, às energias renováveis, tecnologias e ao investimento imobiliário. Nestas áreas, os jovens empresários portugueses e chineses vão querer “estimular os mercados” da China e Portugal, respectivamente.

“Temos presente que tantos os nossos associados têm um longo caminho pela frente. Temos de fazer crescer as nossas relações. Não é só fazer parte da associação, é preciso de ter um papel activo”, disse Alberto Carvalho Neto, antes de dar um exemplo prático: “Ainda faltam três meses para a MIF [17ª Feira Internacional de Macau, que terá lugar entre 18 e 21 de Outubro no Venetian], mas já temos um grupo estabelecido composto por 20 empresas, que foi o que o IPIM e o Fórum nos pediram.”

Caso de sucesso

Alberto Carvalho Neto, formado em engenharia pela Universidade de Trás-os-Montes, é o gestor de negócios da Branco Carvalho Neto (BCN). Uma PME agrícola com algumas quintas na zona de Mirandela e especialista na produção de azeite. Outro dos argumentos da empresa passa pela produção vitivinícola.

Para expandir os negócios, o jovem português decidiu apostar no mercado chinês a partir de Macau e Hong Kong. Hoje, estende a sua actividade a vários pontos do Continente, como Shenyang e Dalian.

Nas duas cidades, Alberto Carvalho Neto comprometeu-se a criar uma área de produção e um centro de exposições de vinhos portugueses em parceria com uma empresa de Macau. O plano conta igualmente com a organização de sessões de degustação e promoção produtos lusos, acompanhadas de contactos para reforçar os intercâmbios comerciais entre Portugal e a China.

O caminho para cimentar uma posição neste lado do mundo nem sempre foi fácil e chegou mesmo a esbarrar em algumas contrariedades. Desde logo, “de onde não deveriam existir”.

“A primeira vez que vim a Macau, o AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal] disse-me que não estava cá a fazer nada. Mas essa era uma versão da AICEP que não é a de hoje”, afirmou Alberto Carvalho Neto, que ainda assim critica a falta de estudos de mercado actualizados disponibilizados pela agência.

Outro dos reparos do empresário segue para a “dificuldade” que os empresários chineses têm para visitar Portugal. “A embaixada da China em Portugal facilita muito rapidamente qualquer visto. Gostaria de ver a nossa embaixada e o nosso consulado a fazer o mesmo”, apontou.

e no final de Junho assinou um acordo de cooperação na área agrícola que facilita a entrada de produtos portugueses  no nordeste da China

Atraso de 50 anos

Tanto Alberto Carvalho Neto como Rita Santos consideram que a visita à China do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal foi positiva. No entanto, a vontade de Paulo Portas em exportar produtos portugueses para o mercado chinês deve ser acompanhada de acções de promoção devidamente planeadas.

“Estamos a falar em 50 anos de atraso”, considerou o empresário português, quando questionado sobre as estratégias de marketing internacional que acompanham a marca Portugal. Já Rita Santos avisou que “é preciso trabalho”.

“Sem esforço e investimento não é possível. Os empresários portugueses não podem ficar sentados. Têm de fazer como os brasileiros que ao longo dos anos investiram na China e agora estão a colher frutos”.

in Ponto Final, 10 de Julho 2012

 

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